quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Carnaval: O que eu me lembro


Sobrevivemos ao Carnaval no Rio, apesar dos apesares. Vou tentar contar um pouco do que eu me lembro. São muitas histórias para contar, algumas engraçadas e outras censuradas. O melhor de tudo foi (re)conhecer o Brasil aos olhos de uma canadense. 




Minha amiga canadense, a Kristen, chegou na sexta de manhã. Chegou de bota e casacão, aliviada por deixar 30cm de neve no jardim de casa para curtir o calor, o suor e o cecê carioca.
No começo eu estava passando um pouco mal. Não fico doente facilmente, mas quando fico, a doença faz questão que seja antes de uma viagem importante. Sempre imaginei esse vírus com uma troll face repetindo "U mad bro?" Sim, eu estava com raiva, mas felizmente minha fase de foliã enferma não durou muito.




Começamos com uma boa dose de blocos de carnaval e explicações sobre a cultura brasileira. Eu sabia que logo logo alguém iria agarrá-la no meio da multidão, então eu queria que ela pensasse "Que lindo! Estou vivendo intensamente uma experiência brasileira" ao invés de "Que nojo! Tem um negão suado e semi-nu tentando me beijar". A estratégia funcionou parcialmente, ela ficou lisonjeada e chocada ao mesmo tempo. No final, ela nivelou alto e não ficou com ninguém no Rio, para a tristeza dos 34.282 caras que chegaram na canadense. 





Conhecemos os principais pontos turísticos. Cristo Redentor, Bondinho, Lapa, Leblon, Lagoa Rodrigo de Freitas... Tudo ficou muito melhor quando o Iago chegou para nos fazer companhia.


E fomos sapucar no domingo. A Kris fazia questão de assistir ao Desfile de Carnaval, e eu comprei os ingressos meio a contra-gosto. Achava que o desfile era algo caro, brega e dispensável, Globo demais. Mas fiquei impressionada. Literalmente as escolas de samba sambaram na minha cara. Foi lindo, inesquecível. É um daqueles espetáculos que você precisa ver uma vez na vida como Cirque du Soleil, Broadway e o show da sua banda preferida. Até vimos a J. Lo no camarote da Brahma, bem na nossa frente. Pensei na possibilidade de desfilar um dia. O triste é que há apenas 2 opções de fantasia: MUITA roupa com 13kg de acessórios aleatórios ou NADA de roupa, junto com um salto de 29 cm. Teve até um carro alegórico que espalhou cheiro de iogurte no desfile inteiro, mas na verdade parecia mais pasta de dente Tandy de morango.





Next stop: Jurerê, Florianópolis




Já em Floripa, tudo era novidade. O Sul é um Brasil que deu certo. Menos pobreza, menos calor e mais beleza. Sinceramente, quem curte as praias do nordeste nunca deve ter ido à Floripa. Em uma palavra, as praias lá são elegantes. Sem vendedores ambulantes. Sem criançada irritante. Sem obesas derramando banha do biquíni. Ao invés de funk e sertanejo, Floripa curte house, dance e uma MPB suave. As baladas são indescritíveis, as pessoas, super simpáticas. Parecia que a praia de Jurerê Internacional era povoada apenas por seres jovens, bronzeados, malhados e ricos. Mulheres siliconadas e anabolizadas faziam parte do cenário. É um estilo de vida atraente. Me peguei pensando em botar silicone, me bronzear, malhar e voltar à Floripa. Mas minha consciência logo voltou ao normal e gritou: "WTF? Tá querendo virar travesti agora?". Essa não seria eu, não mesmo.


A viagem deixou muitas fotos, lembranças e muitas queimaduras de sol. Além de uma pseudo marca de bikini, considerando que meu corpo mal sabe o que é melanina. "I feel so close to you right now" virou trilha sonora da viagem, junto com "Que isso, novinha, que isso?" traduzidos literalmente para "What are you doing, kid, what are you doing?". Traduzir letras de funk virou minha especialidade.


A Kristen me fez ver o Brasil de uma forma diferente. Não sou muito fã do Brasil e isso me fez repensar vários (pre)conceitos. la ressaltou a delícia das frutas, da variedade de comidas naturais, do calor humano e da alegria. Falou tão bem do Brasil que quase repensei a ideia de me mudar para o Canadá - mentira! Kris, vamos trocar de lugar então? Enfim, valorizo muito mais o meu país agora. 


Resumindo tudo: vá na Sapucaí, visite Floripa e, por favor, use filtro solar (:

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